A França instaura inquérito contra LafargeHolcim por ligações com grupos na Síria

França – Segundo uma fonte da Justiça Francesa, foi aberto um inquérito judicial para investigar atividades do grupo LafargeHolcim que, supostamente, estaria envolvida em um “financiamento de empresas terroristas”, em crimes de guerra e contra a humanidade. O inquérito foi baseado na denúncia da jornalista francesa Dorothée Myriam Kellou, publicada pelo Le Monde e FRANÇA 24, que denunciou ofertas ilimitadas que a Lafarge Síria, antes da fusão, teria feito a alguns grupos armados, incluindo o grupo denominado de Estado islâmico (IS), para manter a fábrica de cimento funcionando naquele país.

Jornalista Dorothée Myriam Kellou

O inquérito judicial foi confiado a três juízes experientes desde a última sexta-feira, 9 de junho de 2017 e segue uma denúncia criminal apresentada em novembro de 2016 por antigos funcionários da Lafarge Síria, juntos com a associação Sherpa e com o Centro Europeu de Direitos Constitucionais e Humanos (ECCHR), baseada no relatório da jornalista Kellou.

Um porta-voz da empresa  franco-suíça, disse que a LafargeHolcim não foi contatada pelo ministério público, mas que a empresa está à disposição e cooperando plenamente com o inquérito. “Os procedimentos judiciais estão sendo conduzidos de forma sigilosa e nem a LafargeHolcim ou qualquer uma de suas unidades afiliadas foram citadas”, disse o porta-voz da empresa.

Uma sindicância interna e independente da empresa concluiu que os pagamentos feitos a terceiros para manter o funcionamento da fábrica de Jalabiya no norte da Síria, não estavam de acordo com suas políticas internas e com seu código de conduta.

Em abril último, o maior produtor de cimento do mundo, divulgou que o seu presidente executivo/CEO, Eric Olsen estaria deixando o grupo após a empresa admitir que pagou a grupos armados para manter segura e em funcionamento sua fábrica naquele país devastado pela guerra.

Quase Ex-CEO Eric Olsen

No comunicado da empresa em 24/04/2017, quando cimenteira aceitou a renúncia de Olsen, ele disse:- “Minha decisão é motivada pela minha convicção de que isso contribuirá para enfrentar fortes tensões que surgiram recentemente em torno do caso da Síria. Embora eu não estivesse absolutamente envolvido, nem mesmo ciente, de qualquer coisa errada, acredito que minha partida contribuirá para recuperar a serenidade para uma empresa que foi exposta por meses neste caso“.

O relatório da jornalista Dorothée Kellou, afirma que a cimenteira fez acordos com grupos armados na Síria para proteger seus interesses comerciais naquele país, bem como negociou a passagem segura para seus caminhões e funcionários para continuar suas operações no norte da Síria. Na segunda-feira (12/06) o trabalho de Kellou foi agraciado com o Prêmio TRACE, que reconhece e premia o jornalismo investigativo e os relatórios que revelam o suborno no mundo dos negócios. O júri disse que o projeto da jornalista “capturou, com nuances e inteligência, a crise moral que enfrenta as empresas envolvidas na situação desesperada na Síria e, por extensão, em toda região devastada pela guerra”. Ele acrescentou: “Esta história, reunida com cuidado e coragem, foi contada com uma mistura inteligente de ferramentas, vídeos e impressão, redes sociais e gráficos, exigindo ações e reformas. Excelente trabalho!”

Ao aceitar o prêmio em Washington, Kellou disse à FRANCIA 24 que ficou encantada que seu trabalho tenha sido selecionado pela ONG de transparência Sherpa, que entrou com uma ação judicial denunciando a LafargeHolcim. “O relatório trouxe consequências que eu não esperava”, disse ela, referindo-se ao processo da Sherpa. “Isso ajuda a responsabilizar as multinacionais em um contexto de fracas leis antissuborno e corrupção”.

O secretário Geral da ECCHR, Wolfgang Kaleck, disse hoje: “As empresas que se beneficiam de situações de conflito armado correm o risco de serem culpadas de crimes graves. A abertura das investigações no caso da Lafarge na Síria é um passo importante para mostrar que as empresas não estão além da lei e devem ser responsabilizadas.” A nomeação deste grupo de juízes investigativos proeminentes é uma indicação positiva de que todas as investigações necessárias para o estabelecimento da verdade serão conduzidas de forma independente e que todas as responsabilidades serão identificadas.

By Cimento.Org adapted CementNews
Postado em:
13 jun 2017 às 21:34hs
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