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action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home1/gerinu07/www.cimento.org/wp-includes/functions.php on line 6114Para tentar entender os resultados, de certa forma surpreendentes, das vendas de cimento no Brasil no primeiro semestre, independentemente da pandemia e da crise em curso, vamos analisar os números de alguns países da América do Sul, também para o primeiro semestre de 2020.
O gráfico abaixo demonstra a situação nos principais países do continente nos últimos três anos:
O mercado brasileiro que registrava quatro anos consecutivos de queda nos últimos anos, até 2018, registrou um pequeno crescimento em 2019 (apenas 3,5%) e estimava-se, antes da pandemia, um novo e pequeno crescimento semelhante para 2020. Embora a previsão não fosse arrojada, não parecia, na época, uma aposta fácil de ser cravada. Vários fatores internos impediam qualquer euforia. Foram quatro anos consecutivos de queda, mais de 20 plantas fechadas e o setor operava com uma capacidade ociosa de 45%. Muitas dificuldades e muitas reformas estruturais no país eram necessárias. O setor esperava que o crescimento fosse pequeno e gradual e dependeria do crescimento do mercado imobiliário, do ambiente macroeconômico favorável e da retomada dos investimentos em infraestrutura, ou seja, para crescer novamente mesmo que em pequenos percentuais já não seria fácil.
Com a pandemia, tudo parecia ter ido por água abaixo. O primeiro trimestre terminou e registrou uma queda, mesmo que pequena, pois a pandemia deu sinal de alarme já próximo ao final do segundo decêndio do mês de março. No mês seguinte as expectativas negativas se confirmaram e o mercado interno, em abril, caiu quase 2% em relação ao quadrimestre do ano anterior… O caos parecia ter sido estabelecido: Será que o mercado cairia novamente em 2020? Será que seria outro ano perdido para o setor? Não aconteceu. Conforme publicamos em julho, o mercado no semestre cresceu 3,7%. Na verdade, a taxa de crescimento anual mensal em junho de 2020 foi de 24,5%, ou seja, registramos em um único mês um crescimento chinês nas vendas em relação a um mesmo mês do ano anterior.
Todo o crescimento registrado foi atribuído ao mercado de melhorias residenciais, a autoconstrução, uma vez que as pessoas usaram seu tempo de isolamento para reformas residenciais e manutenção em prédios comerciais. O Banco Mundial, por exemplo, previu uma queda de 8% no produto interno bruto no Brasil para 2020 devido à pandemia, isso parece que não acontecerá para a indústria cimenteira, de materiais de construção e do mercado imobiliário.
Já em julho, o crescimento do período (janeiro a julho/2020) em relação ao ano de 2019 foi de 6,3% e o crescimento pontual do mês de julho/20, em relação ao mesmo mês de 2019, mais uma vez, foi em ritmo chinês, ou seja, crescemos quase 19%, com destaque especial para a região nordeste que cresceu, nada menos que 31,7% no mês e 10,8% no acumulado do período. Ao que parece, no Brasil, os impactos da pandemia poderá ser bem menor que o projetado e divulgado, ainda mais se o governo federal der andamento às reformas administrativa, tributária e implantar o projeto batizado de “Casa Verde Amarela”, com foco na regularização fundiária e no estímulo a financiamentos com juros baixos.
Os resultados alcançados em junho e julho, nos faz acreditar que o Brasil poderá sair mais forte, que outros países, dessa pandemia no segundo semestre. Apesar de tudo, estamos mostrando muita resiliência e a atividade econômica continua se sobressaindo e demonstrando um certo vigor, apesar da crise. O único receio é que os governos e a população, na crença da derrota ao terrível vírus, relaxem os controles e os protocolos de segurança, dando sobrevida a doença e, como consequência, uma inesperada e indesejada nova onda, com novos bloqueios, que poderiam trazer consequências negativas, impondo novas quedas ao setor.
O Peru, em contraste com o Brasil, implementou um forte isolamento social no início de março de 2020. Infelizmente, não pareceu funcionar tão bem quanto o esperado. A produção e as vendas de cimento caíram 34,35% no semestre, sem nenhum benefício correlacionado à saúde e a pandemia. Tanto a produção quanto os despachos caíram quase 40% no primeiro semestre de 2020 com quase uma parada total em abril de 2020. O Peru está posicionado entre os 10 primeiros do mundo em total de casos e de mortes, atrás apenas do Brasil na América do Sul. Deve-se ressaltar, porém, que as taxas de testes do país é supostamente alta para o continente e isso pode alavancar os números quando comparados aos países com menores taxas de testagem. Tudo isso é particularmente preocupante para o setor, do ponto de vista industrial, visto que o Peru era um dos países com melhor desempenho do continente antes de 2020. Um consolo, porém, é que a economia deve se recuperar mais rapidamente em comparação com alguns vizinhos.
A Argentina começou 2020 com uma tendência de queda em seu mercado local. As vendas de cimento vêm caindo desde 2017, praticamente após uma recessão geral na economia. O país aplicou um forte isolamento que levaram as vendas caíram mais da metade, com seu pico em abril de 2020. Até o primeiro semestre do ano, isso levou a uma queda superior a 30% em comparação com o mesmo período em 2019 . Infelizmente, um recente aumento de casos em Buenos Aires levou a novos bloqueios na capital que poderá impactar novamente os resultados do setor cimenteiro. Devido a estes fatores a agência a Fitch Ratings previu um declínio geral nos volumes de vendas de cimento na Argentina em 25% para o ano de 2020. Vamos torcer para que a agência erre nos vizinhos Hermanos, como deverá errar quanto ao Brasil, já que a mesma previu queda de um dígito elevado nos volumes do Brasil para 2020.
Por fim, a produção de cimento da Colômbia caiu 25,4% no comparativo anual nos primeiros cinco meses de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. Sendo o mês de abril de 2020 o mês de maior impacto negativo. O bloqueio mais rigoroso no país terminou em 13 de abril de 2020 para projetos de infraestrutura e em 27 de abril para a produção de cimento e construções residenciais e comerciais. Em 5 de maio de 2020, a Cementos Argos informou que a demanda interna estava 50% abaixo dos níveis antes da pandemia. Dados da autoridade de estatísticas colombiana (DANE), mostram que as vendas locais caíram cerca de 33% no período de 12 meses (junho/19 a maio/20), em relação ao período análogo. Ou seja 1/3 de todo cimento consumido no período anterior deixou de ser comercializado e consumido.
A maioria dos países analisados, segue o padrão de redução nas vendas de cimento em relação à gravidade do bloqueio imposto e a intensidade resultante do surto do novo coronavírus. Bloqueios mais fortes, derrubaram as vendas de cimento na região em percentuais entre 20 e 40%, dependendo da intensidade das medidas de cada governo, do estágio de suas crises antes da pandemia e, como cada país se comportou em relação ao fechamento ou não das indústrias. A exceção foi no Peru, que sofreu o pior dos dois mundos: Um severo bloqueio nas indústrias e no mercado e uma grave crise na saúde e nos números da pandemia. As tendências na América do Sul giraram em torno disso, como a recuperação, ainda, surpreendente no Brasil e a recessão geral na Argentina.
O presidente do SNIC, que é o Sindicato Nacional das Indústrias de Cimento, disse ao final de 1º trimestre, próximo ao início da pandemia, que a fabricação de cimento não precisava ser penalizada com as medidas de saúde pública. Ele estava certo, mas o aumento de casos da COVID no Brasil é um caso fora da curva, distante do comum em comparação com a maioria dos países vizinhos, ou mesmo com boa parte do resto do mundo. Os setores de cimento em países com economias em crescimento, como Peru e Colômbia, devem registrar uma recuperação mais rápida que aqueles com economias estagnadas, como é o caso da Argentina. O Brasil só corre riscos, a depender das estratégias de saúde dos governos e como impactariam o setor de construção cível no segundo semestre de 2020. Ou seja, caso a curva dos casos e das mortes não fuja da atual tendência, variando entre estabilidade e queda, o setor não deverá sofrer sobressaltos. Que Deus tenha piedade e compaixão de nosso país, de nosso povo, de nosso mercado cimenteiro, das indústrias e de nossa economia como um todo.