Brasil: Apesar da pandemia, Venda de Cimento cresce em 2020

Apesar da pandemia, o setor conseguiu manter a continuidade do fornecimento regular do produto e cresceu bem no difícil ano de 2020. O auxílio emergencial, a autoconstrução e as obras imobiliárias – que garantiram 80% das vendas de cimento, asseguraram bom desempenho do setor no período de péssimas expectativas e previsões.

As vendas de cimento no Brasil em dezembro somaram 4,7 milhões de toneladas, um crescimento de 16,6% em relação ao mesmo mês de 2019, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Mas ao analisar a venda de cimento por dia útil – que considera o número de dias trabalhados e tem forte influência no consumo – de 208,4 mil toneladas no período, a queda é de 13,2% comparada com o mês anterior – o que pode indicar um arrefecimento diante de um cenário de incertezas da economia e da construção civil em 2021.

Com esse resultado, o setor termina 2020 com um total de 60,8 milhões de toneladas de cimento vendidas (incluindo as importações), um aumento de 10,9% sobre o ano anterior, e volta ao patamar de comercialização, dos últimos doze meses de junho de 2016.

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Em meio ao cenário de estagnação que se viu no início da pandemia, o auxílio emergencial, aliado a construção civil a autoconstrução foi o elemento decisivo para a recuperação de vendas em 2020 e a partir de maio, contribuiu para o aumento de demanda de cimento, principalmente, nas reformas residenciais e comerciais, já que boa parte dos profissionais, em home Office, perceberam com maior clareza as necessidades de melhorias em suas residências ou comércios, alavancando as autoconstruções e reformas, segurando a venda de cimento à partir de maio de 2020..

No Nordeste, líder em crescimento percentual das vendas no ano em relação ao ano anterior, o auxílio emergencial foi decisivo para atingir esse bom resultado. Mas com a redução do benefício à metade em setembro e o anúncio do seu fim à partir de janeiro, o mercado da região já sentiu uma retração nas vendas nos últimos meses de 2019. Não sendo muito diferente nas outras regiões, que também registraram uma arrefecimento nas vendas nos últimos meses de 2020.

Em razão das restrições de circulação logo no início da pandemia, o setor da construção contava com 20% de paralisação das obras imobiliárias. Mas com a definição desta atividade como essencial e a adoção de protocolos e medidas sanitárias, a retomada se efetivou ao longo do ano.

“Vivemos uma montanha-russa nas projeções de 2020. Antes da pandemia, estimávamos um crescimento de 3%. Em abril, com a queda acentuada da demanda, esperávamos uma retração de 7% a 9% no ano. De junho a outubro, a indústria do cimento registrou forte recuperação seguido de um novembro e dezembro de crescimento moderado. Tudo isso nos levou a um resultado surpreendente de 11% de incremento nas vendas.” Paulo Camillo Penna – Presidente do SNIC

“Apesar da Pandemia”

PERSPECTIVAS

2021: Recuperação da confiança e otimismo com cautela

Após um ano que começou difícil e que se agravou com a pandemia, a indústria cimenteira tem muito o que comemorar, mas as perspectivas para o próximo ano não se mostram muito promissoras. Diante de um cenário de incertezas em relação à economia do país, dois fatores são determinantes para a retomada do crescimento; Sucesso da campanha de vacinação e aprovação das reformas tributária e administrativa.

Com o fim do auxílio emergencial, redução do estoque de obras imobiliárias somados ao aumento do desemprego, da desconfiança do consumidor e empresários, o setor cimenteiro projeta um crescimento em torno de 1% em 2021.

O agravamento da pandemia da Covid-19 dificulta o consumo das famílias. A elevação recente do número de casos/mortes pode gerar novas restrições de mobilidade urbana e isolamentos voluntários devido ao temor de contaminação, o que mantém a insegurança acima do usual. Isso, aliado ao fim do auxílio emergencial, ao crescente desemprego e ao repique inflacionário – pode chegar a 6% no acumulado em 12 meses em meados do primeiro semestre – deve prejudicar o crescimento da economia no começo do ano e, em particular, o consumo do cimento.

Pairam sérias dúvidas quanto a capacidade da retomada da atividade econômica em absorver o papel desempenhado pelo auxílio emergencial. Reflexo disso se traduz pela recente queda de confiança dos consumidores e empreendedores apontados pela Fundação Getúlio Vargas em dezembro de 2020.

Pelos consumidores o aumento da incerteza continua devido ao fim dos benefícios emergenciais, o desemprego em alta e, principalmente, em razão da percepção de escassez de trabalho. Segundo estudo da FGV, 97,5% dos entrevistados avaliam ser difícil obter qualquer oportunidade no mercado de trabalho – o menor nível dos últimos 16 anos.

Já a confiança dos empresários da construção em dezembro registrou um nível superior ao mesmo período de 2019, o que, considerando todas as dificuldades do ano, é um aspecto positivo. Por outro lado, as expectativas continuam se deteriorando e os empresários estão mais pessimistas do que estavam no ano passado.

Na mesma direção, o número de lançamentos apresentou uma redução de 28%, no acumulado do ano até setembro de 2020, número abaixo das projeções do setor da construção civil.

No tocante a indústria do cimento, o aumento dos custos de produção com destaque para commodities e o déficit fiscal que inibe a capacidade de indução do desenvolvimento da infraestrutura, vetor de consumo mais deprimido da atividade, agravam o cenário de incertezas.

Por isso, é fundamental acelerarmos a agenda de aprovação das reformas, com destaque para a tributária e a administrativa, aliada a consolidação do novo programa habitacional Casa Verde e Amarela e da implementação de um programa vigoroso no campo de saneamento.

Apesar da pandemia, o setor cimenteiro teve um ano positivo, mas muito se deve ao auxílio emergencial e as autoconstruções. Para 2021, sem mudanças profundas, poderemos até sofrer mais uma queda, a não ser que muitas reformas de peso sejam implementadas no país.

Postado em:
15 jan 2021 às 14:56hs
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