supsystic_tables
domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home1/gerinu07/www.cimento.org/wp-includes/functions.php on line 6114A Elizabeth vende sua única planta, após cinco anos de atuação no tumultuado mercado brasileiro, onde uma queda sequenciada nas vendas atinge o setor desde 2015 (ano da inauguração de sua fábrica) e o preço médio da tonelada, em dólar, bateu seu menor patamar dos últimos 20 anos em maio.
O Grupo Elizabeth, tradicional grupo ceramista do Brasil, pertencente à família Crispim, donos de cinco fábricas de cerâmicas na Paraíba, Rio Grande do Norte e em Santa Catarina, vendeu sua única planta de cimento, por meio de uma enterprise value de quase R$ 1 bilhão, para um dos maiores fundos de investimentos do mundo, o americano Hedge Founds Farallon Capital.
O Grupo paraibano começou a construir sua primeira e única fábrica de cimento em meados de 2012, exatamente no auge da combinação do melhor momento de crescimento do mercado cimenteiro nacional, com os melhores preços em dólares por tonelada para o produto. No exato momento do início das obras de sua planta, as vendas de cimento no país cresciam 33% em três anos (2009 – 2012) e o preço médio de cada tonelada em dólar, compilados pelo CBIC, de acordo com dados dos Sinduscon’s, era superior a duzentos dólares.
Nos dias próximos a venda de sua primeira tonelada de cimento, ali pelos primeiros meses de 2015, quando foi inaugurada sua moderna planta, com a Elizabeth preparada e armada para o mercado, as vendas do país já despencavam cerca de 6% e, o pior, os preços médios em dólar cravavam quedas de 32% em relação ao ponto inicial de suas obras em 2012. Naquele momento, iniciava-se a terrível sequência de quedas em venda/consumo de cimento no país, que se estendeu até o final de 2018, quando as vendas acumulavam quedas de 26,4% e os preços em dólar, uma queda de 40,9%, comparados aos números de 2014, o último resultado positivo para o setor.
Desde o início da crise, mais de 20 fábricas de cimento fecharam suas portas, algumas fusões, vendas de ativos, leilões de fábricas anunciados e muitas demissões. A capacidade ociosa do setor caiu para quase 50% até 2018, ou seja, o mercado estava absorvendo apenas a metade que o parque industrial estaria apto a produzir.
O primeiro alívio ocorreu no ano de 2019, mesmo com preços em dólar muito baixos, o crescimento de 3,4% nas vendas de cimento naquele ano, trouxe ânimo ao setor, rapidamente convertido em desalento com o anúncio da pandemia que tomou conta do mundo em 2020. E em especial no Brasil, derrubou as vendas de cimento até o final abril. Surpreendentemente os volumes voltaram a crescer em maio, embora os preços médios em dólar por tonelada, conforme CBIC, tenham despencando para seu menor valor dos últimos 20 anos, fechando o mês de maio com U$80,16 por tonelada posto nas obras.
O Fundo Farallon já estava conversando com a família Crispim sobre um aporte financeiro desde o começo do ano, quando a pandemia chegou e o aporte deixou de ser interessante, migrando toda a negociação para a compra do ativo. O fundo americano está pagando uma parte em cash e assumindo parte das dívidas do grupo. O fechamento depende de algumas negociações com os bancos, que estão acontecendo nas próximas semanas. A fábrica deverá continuar funcionando com boa parte da equipe atual e, por enquanto, continuará usando a marca ELIZABETH.
Vendas ou fusões de ativos cimenteiros, além do fechamento de muitas plantas, ocorrem há algum tempo. Em 2016, após dois anos do início da crise do setor, o grupo grego Titan Cement comprou 50% das fábricas do cimento Apodi, da família Dias Branco, donos do Grupo M Dias Branco, que entraram no mercado, em 2011, com sua moagem no porto do Pecém (CE) e, em 2013, com sua nova fábrica, também no Ceará, desta vez na cidade de Quixeré (CE). As duas plantas chegaram ao mercado, também, no melhor momento do mercado e a fusão aconteceu dois anos após o início da crise, ou três anos após a inauguração de sua maior fábrica.
Dois anos depois, a Buzzi Unicem, grupo italiano comprou 50% da Brennand Cimentos pagando R$ 750 milhões. Os grupos citados, vendidos em todo ou em parte (fusões), inauguraram algumas de suas plantas em momentos semelhantes, especificamente no período áureo do setor cimenteiro, quando vendas e preços estavam atrativos, vendendo parte dos ativos no decorrer da crise que assolou o setor.
Não está claro se o Fundo Farallon pretende se desfazer do ativo a curto prazo, ou se irá operá-lo por algum tempo, aproveitando as boas vendas do mercado a partir de maio, mesmo sendo a região nordeste o mercado mais concorrido do país, com 15 grupos cimenteiros, 32 plantas instaladas (ativas ou não) e ainda com 17 marcas competindo do Maranhão à Bahia. É também a região que mais cresce em vendas neste ano de 2020. Enquanto as vendas no país cresce, em média, 7,5% no acumulado de janeiro a agosto deste ano, o nordeste cresce nada menos que 12,6%, sendo o maior crescimento regional do país.