Cimento para o “The Trump Wall”

A construção do já famoso muro americano, alardeado pelo então candidato como uma de suas ações para tentar proteger e separar, com maior imponência a fronteira entre os Estados Unidos e o México, o “The Trump Wall”, poderá entrar para o Guinness Book, sendo erguido ou não. Se construído, como Donald Trump imaginou e detalhou em seus comícios, seria gigantesco, em placas de concreto pré-moldados e certamente uma das maiores obras em consumo de cimento do mundo. Caso não concretizado, o que começa a ser desenhado e tergiversado por muitos republicanos, aliados antigos e novos do presidente, poderá ser uma das maiores promessas não cumpridas de um presidente eleito dos Estados Unidos da América. As alegações dos republicanos já são que o termo MURO, seria uma METÁFORA utilizada na campanha, para reforçar a necessidade de melhorias na segurança da  fronteira.

De acordo com um relatório produzido pela Sanford C. Bernstein & Co, baseado nas dimensões da “muralha”, indicadas pelo próprio Trump, quando ainda candidato e os cálculos necessários à sua execução, feitos por profissionais da Bernstein, liderados pelo especialista em materiais de construção Phil Roseberg, dão conta que a megapromessa do presidente eleito, se erguida, consumiria cerca de 7 milhões de metros cúbicos de concreto e 2,4 milhões de toneladas de cimento, já que se estenderia por aproximadamente 1.600 quilômetros, com 12 metros de altura, cerca de 25 cm de espessura e mais uns 2 metros abaixo do nível do solo, como base da estrutura e que evitaria que o paredão fosse facilmente vencido por pequenos tuneis.

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COMPARAÇÕES MUROS

Para uma ligeira comparação sobre o tamanho da promessa do Trump, o Muro da Cisjordânia ou Muro de Israel, considerado por muitos críticos como o atual Muro da Vergonha, cuja construção foi iniciada em 2002, tem 440 quilômetros de extensão em concreto, com 8 metros de altura. O conhecido e vergonhoso Muro de Berlim, que teve sua queda em 1989, embora tenha existido para separar uma fronteira de 1.400 quilômetros entre as duas antigas Alemanhas, contava com apenas 155 quilômetros em Berlim dos quais, apenas 12 quilômetros eram em concreto e com uma altura que não ultrapassava os 4 metros.

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DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DO “THE TRUMP WALL”

O custo apenas da obra que poderia chegar aos US$25 bilhões de dólares já seria um grande entrave para sua realização. Soma-se a isso a muitos outros fatores, onde a longa faixa de fronteira, apresenta enormes desafios topográficos para sua construção, com montanhas, deserto e uma boa parte de sua extensão ao longo de rios e de várzeas, dunas móveis, como as existentes ao sul da Califórnia, cujo desafio seria o de permitir seus movimentos naturais. A região também conta com reservas e refúgios de proteção à vida selvagem, territórios indígenas e muitas fazendas cujos proprietários não concordariam facilmente em vender suas terras ao novo governo.

A construção de um muro em concreto, tão maior do que a estrutura ora existente, também exigiria a construção de muitas estradas para chegada dos principais materiais de construção ao longo de toda fronteira e não seriam estradas tão simples de serem abertas. Para reforçar essa informação, os registros dão conta das dificuldades que aconteceram e atrasaram, em muito,  a construção da atual e bem mais simples estrutura existente na fronteira.

7 MILHÕES M³ DE CONCRETO E 2,4 MILHÕES DE TONELADAS DE CIMENTO

A construção do muro, se a promessa fosse cumprida, poderia adicionar 1 ponto percentual à demanda de cimento no primeiro ano de sua construção. Várias estimativas são conflitantes quanto ao tempo necessário à construção de um projeto desse porte. O relatório da Bernstein estimou que a construção total, levaria, no mínimo, 4 (quatro) anos, sendo de 1 a 2 anos para o planejamento e aquisição das áreas e, no mínimo, mais 2 anos para a construção efetiva do paredão. Daí os primeiros impactos sobre a demanda de cimento somente ocorreriam a partir de 2018 e em 2019, quando o consumo de cimento poderia crescer  entre 4 e 5% em função da obra.

QUEM GANHARIA COM CONSTRUÇÃO DO MURO?

Como não é economicamente viável transportar materiais de baixo valor agregado entre grandes distâncias, tanto o cimento, como o concreto e os agregados de um modo geral, ao percorrerem grandes distâncias, elevariam os custos com transportes,  pesando sobremaneira sob os preços finais dos produtos, ou corroendo as margens dos produtores. Assim o relatório da Bernstein  mapeou os produtores mais bem posicionados ao longo da fronteira e distantes, no máximo, 320 quilômetros, tanto no lado americano, como no outro lado do México, identificando que um dos possíveis e maiores beneficiários da promessa de Donald Trump poderia ser  o próprio México e a CEMEX, a 5ª maior produtora de cimento do mundo, que ao longo da fronteira, em ambos os lados é, com sobras, a mais bem estruturada cimenteira, concreteira e produtora de agregados, seguida pela  CalPortland, uma “pequena empresa” americana, com apenas três fábricas de cimento, já que os Estados Unidos não tem nenhuma empresa entre as maiores empresas do mundo.

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MEDIDAS PROTECIONISTAS

O plano do futuro presidente, por mais que parecesse prejudicar o próprio México, poderia até ajudar ao país vizinho, pois a maioria das empresas instaladas nos dois lados da fronteira são Mexicanas e mesmo que Trump ainda adotasse novas medidas protecionistas, por exemplo, decretando que as possíveis empresas fornecedoras de cimento para a construção do The Trump Wall  fossem 100% nacionais ou com sede em território americano, a decisão prejudicaria milhares de empregados (americanos) da CEMEX, que trabalham em suas plantas em território americano, ou o protecionismo exagerado sufocaria as pequenas produtoras americanas, que pressionadas para atender ao crescente consumo da megaobra, caso ela se concretizasse, deixaria o mercado de cimento americano aberto a ações da gigante CEMEX.

Postado em:
20 nov 2016 às 23:56hs
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