Venda de cimento em julho/21: Estabilidade preocupante

Mesmo com um primeiro semestre bastante animador, a indústria do cimento continua observando com cautela o comportamento do consumo de cimento no país. Apesar de registrar 18% acima dos resultados pré-pandemia, a indústria cimenteira ainda está distante 11% do patamar anterior a forte crise que assolou o setor depois de quatro anos consecutivos de retração, 2015 a 2018.

Após seis meses seguidos de alta, o volume de vendas de cimento perdeu ritmo. O resultado de julho foi considerado próximo a estabilidade frente ao mesmo período do ano passado, com variação de 0,2%, chegando a 5,9 milhões de toneladas. O acumulado no ano diminuiu o crescimento em 2,4 pontos percentuais, atingindo 13,4% com 37,5 milhões de toneladas vendidas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, SNIC.

O cenário de forte crescimento observado no início do ano, principalmente, em função de uma base de vendas muito fraca do mesmo período no ano passado, demonstra agora um arrefecimento. Em linha com as previsões do setor, o efeito estatístico, que até maio favoreceu o crescimento, a partir de junho passou a impactar negativamente a performance de vendas do produto, projetando alta menores para os próximos meses.

Ao se analisar a venda de cimento por dia útil em julho, 240,8 mil toneladas, há um aumento de 1,1% sobre junho deste ano e de 2,1% em relação ao mesmo mês de 2020.

Os principais responsáveis permanecem sendo: as reformas, a autoconstrução (residencial e comercial) e a continuidade de obras do setor¹ imobiliário.

“A preocupação central do setor é com relação à inflação de custos de produção do cimento. O coque, maior custo da indústria, apenas em 2020 aumentou 125% e em 2021 já acumula mais 60% de alta. Outros insumos como energia elétrica, frete, sacaria, gesso e refratários também vem tendo forte incremento de preços. Mesmo com o bom desempenho das vendas, os reajustes dos insumos comprometem a sustentabilidade financeira do setor.” Paulo Camillo Penna – Presidente do SNIC

 PERSPECTIVAS

A eminente melhora na expectativa do mercado com relação ao crescimento econômico somada a aceleração da vacinação e a redução dos efeitos negativos da pandemia contribuíram significativamente para o resultado e reforçam as projeções do consumo de cimento em torno de 6% para 2021.

Ainda há boas perspectivas para a atividade em função do bom desempenho do mercado de construção¹ e do financiamento imobiliário com recursos do SBPE (alta de 405% no 1° semestre).

Apesar desse cenário é preciso acompanhar os desdobramentos das reformas estruturantes (administrativa e tributária), o aumento da taxa Selic – inibe novas construções imobiliárias – e a recuperação do emprego² e da massa salarial.

Estas incertezas se somam à um outro grande problema, a inflação de custos. O preço do coque, principal combustível dos fornos de cimento e maior custo de produção, aumentou 125% em 2020 e já sofreu reajuste de mais 60% em 2021. A crise hídrica já se reflete no preço da energia elétrica, atingindo o teto regulamentado. Tanto para o recebimento dos insumos necessários quanto para o escoamento da produção de cimento, o frete sofre impactos do preço do diesel, de peças e serviços de manutenção – geralmente indexados ao IGP-M – e já aumentou 20% no ano. Com poucas opções para atender a grande demanda da indústria do cimento, o preço da embalagem já teve incremento de 30% em 2021. Esses fortes movimentos de alta comprometem a sustentabilidade financeira da atividade.

A incerteza mais recente vem do avanço das discussões acerca da precificação do carbono. A União Europeia (EU) lançou no mês passado a taxa de carbono para produtos importados com maior intensidade de CO2. No mesmo período, a China finalmente abriu o seu mercado de carbono que levou anos para ser estruturado. México, Colômbia, Chile e Argentina já precificam o carbono. Na linha desses países, o Brasil tem discutido os impactos e as oportunidades geradas por instrumentos de precificação de emissões de carbono. No final do ano passado, o Ministério da Economia concluiu o estudo PMR (Partnership for Market Readiness) com parceria do Banco Mundial que avalia a conveniência e oportunidade da precificação do carbono no país. Em sua segunda fase (PMI – Partnership for Market Implementation), o estudo pretende discutir as bases para implementação de um sistema de precificação.

Nesse sentido, o país, como signatário do Acordo de Paris – compromisso internacional assumido com o objetivo de reduzir a partir de 2020 a emissão de gases de efeito estufa – tem na indústria brasileira de cimento uma grande aliada que recentemente apresentou seu posicionamento sobre precificação de carbono, apontando critérios necessários para se avançar corretamente nesta discussão, valorizando seu protagonismo ambiental – presente no DNA do setor – e a competitividade da indústria do cimento.

Postado em:
11 ago 2021 às 11:39hs
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