2018 SERÁ UM ANO MELHOR PARA O MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL?

A expectativa para este ano é que a recuperação fique em torno de 2%, a depender de alguns fatores

Em 2017, o mercado da construção civil amargou números negativos pelo quarto ano consecutivo. A queda estimada no PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil foi de 6%. Entre 2014 e 2017, a queda no emprego com carteira assinada se aproxima de 1,2 milhão de postos de trabalho.

“A desaceleração do mercado imobiliário começou antes mesmo da crise econômica do país. No final de 2013, algumas grandes cidades, como Brasília e Curitiba, apresentavam os primeiros sinais de retração, o que se generalizou no ano seguinte”, afirma a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos na área da construção na FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Os preços dos imóveis tinham subido além do aumento da renda das famílias e os estoques cresciam. Os novos ingredientes introduzidos pela recessão econômica, como a insegurança no emprego e a restrição ao crédito, aprofundaram a crise do setor.

“Paralelamente, as obras de infraestrutura foram paralisadas ou tiveram seu ritmo reduzido. Isto em razão do impacto da operação Lava Jato sobre as grandes empreiteiras e a crise fiscal do governo, que reduziu investimentos públicos”, destaca. O programa Minha Casa, Minha Vida foi diretamente afetado, com volume de contratos aquém da meta.

Materiais de construção

A indústria de materiais de construção foi duramente penalizada, registrando em 2017 queda de cerca de 15% nas vendas para as construtoras. “O setor fabricante de materiais fechou o ano com uma queda de faturamento real (descontando a inflação) de 5%”, informa Walter Cover, presidente Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção). Esse índice, somado aos de 2015 e de 2016, retraiu a produção de materiais e as vendas para o mesmo nível de 2007.

O desempenho do chamado mercado ‘formiga’ mitigou a perda da indústria. De acordo com a Anamaco – entidade que reúne o varejo de materiais de construção –, as vendas nas lojas e home centers cresceram 6% em 2017 no comparativo com o ano anterior.

“A estimativa oficial é que o PIB brasileiro cresceu 1%, puxado pelo consumo das famílias por conta de algumas medidas como a liberação do FGTS das contas inativas. E, também, pela queda da inflação, principalmente no preço dos alimentos, aliviando a renda das famílias para outras despesas. Dados do IBGE confirmam o forte crescimento nas vendas do mercado da construção civil em 2017”, observa Ana Maria Castelo.

Perspectivas para o mercado da construção civil

A Sondagem da Construção, pesquisa mensal da FGV, mostra que houve significativa melhora no índice de confiança ao longo do ano de 2017, sinalizando que o pior ficou para trás. “Essa tem sido a percepção das empresas nos últimos meses. Porém, o indicador de atividade corrente mostra que a situação ainda está muito ruim”, diz ela.

De acordo com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a cadeia produtiva do mercado da construção civil, que já teve participação de 10,5% no PIB brasileiro, agora representa 7,3% de um PIB menor. A recuperação do setor, em 2018, deve ficar em torno de 2%, mas depende de três fatores essenciais: o investimento em infraestrutura, especialmente em projetos de concessões e parcerias público-privadas; o restabelecimento do crédito, com a retirada de impedimentos a financiamentos; e a melhoria no ambiente de negócios, com iniciativas voltadas à segurança jurídica e à desburocratização.

Dados do Secovi-SP – sindicato do setor imobiliário – mostram que, no acumulado de janeiro a novembro de 2017, foram comercializadas 18.660 unidades, um aumento de 32,8% em comparação ao mesmo período de 2016, quando as vendas totalizaram 14.048 unidades.

“Se isso se mantiver, a melhora das vendas vai trazer o aumento de novas obras. É uma sinalização boa à frente”, avalia Ana Maria Castelo. Contudo, ainda há incertezas, como o percentual de distratos nos contratos de compra de imóveis, que se mostra considerável.

Questão pontual, porém fundamental para o mercado imobiliário, é o desenrolar da situação fiscal da Caixa Econômica Federal, responsável por 70% dos financiamentos na área. “Se a instituição não for capaz de sustentar seu programa de concessão de crédito, o quadro vai se complicar ao longo de 2018”, lembra a economista.

É difícil prever como ficará a economia em ano eleitoral. Se o índice de confiança se mantiver positivo, poderá confirmar a retomada mais forte da atividade econômica. Caso contrário, o quadro pode se inverter. “A expectativa, portanto, é de uma melhora contínua, mas lenta. Nada comparado aos moldes do ciclo que foi até 2013”, finaliza Ana Castelo.

Postado em:
15 mar 2018 às 18:54hs
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