Camargo Corrêa rejeita proposta de fusão feita pela Cimpor

CEm comunicado divulgado hoje ao final da tarde, a InterCement, uma das maiores produtoras de cimentos da América Latina, recusou a proposta da administração da Cimpor que, na última sexta-feira, sugeriu a concentração entre a cimenteira portuguesa e o grupo brasileiro, como alternativa à OPA da Camargo Corrêa. No final de Março deste ano, a Camargo, que tem 32,9% da Cimpor, e é o maior acionista, lançou uma OPA sobre a totalidade do capital, aceitando pagar 2,5 mil milhões de euros pelo “takeover” (5,5 euros por acção), valor considerado baixo pela gestão.
O convite a uma fusão, apresentado pela gestão da cimenteira nacional, concretizar-se-ia sem venda de ativos e mediante o pagamento de um dividendo extra de até um euro. Uma solução que, diz a gestão, “cria mais valor para os atuais accionistas” da Cimpor, designadamente para os que querem permanecer na empresa. A administração da Cimpor defende que a concentração luso-brasileira é a que melhor protege os interesses da Cimpor, pois cria “sólidas posições em mercados atrativos e de elevado crescimento, ultrapassando os riscos associados” ao seu desmembramento.

O plano de reestruturação, pós OPA, entregue pela Camargo na CMVM prevê a integração dos seus activos na Cimpor, por troca das operações da cimenteira nacional, na China, Índia, Turquia, Tunísia, Espanha, Marrocos, e Peru. Numa segunda fase, estes activos passariam para a Votorantim, que, por sua vez, entregaria à Camargo as acções da Cimpor, representativas de 21,2%, o que clarificaria a estrutura accionista.
Na sua resposta ao convite para uma fusão, a Camargo alega que se trata de uma proposta “intempestiva, irrealista e despropositada, porque não atende aos vários interesses em jogo na Cimpor já manifestados publicamente” e “é inaceitável para a própria Cimpor e para o seu futuro.” Os “dois accionistas de referência da Cimpor [Votorantim e CGD] declararam pretender vender as suas participações no âmbito da OPA” da InterCement e “não mostram receptividade a qualquer proposta que não seja a venda” .
A Camargo refere, igualmente, que “a possível fusão, após a venda das participações dos accionistas de referência que declararam a intenção de vender, diminuiria drasticamente a posição relativa dos que não vendessem, ao contrário do que sucederá se a proposta de permutas da InterCement vier a ser aceite, que não terá esse efeito sobre os accionistas.” A Votorantim, o segundo maior accionista, já disse que vendia as suas acções no quadro da OPA, pelo que “a ideia de fusão da InterCement com a Cimpor é inaceitável, pois, como afirmou o Presidente da InterCement ao Expresso, o grupo Camargo Corrêa não colocaria os activos que possui na América do Sul numa empresa em que participe um seu concorrente”. E estranham a posição da administração da Cimpor dado que esta “tem conhecimento da impossibilidade dessa fusão”. Para além da Camargo e da Votorantim, que em conjunto têm mais de 53% da Cimpor, são ainda accionistas da cimenteira a Caixa Geral de Depósitos, com 9,6%, e que já manifestou disponibilidade em vender a sua posição, o Fundo de pensões do BCP, com 10%, que também já disse que vendia, e o empresário Manuel Fino, com 10,7%. A Votorantin tem um acordo para social com a CGD desde 2010.
O interesse da Camargo em controlar a Cimpor já é antigo. Em Dezembro de 2010, ainda sem posição de controlo, apresentou uma proposta de fusão com a Cimpor, a maior cimenteira nacional, prometendo um dividendo extraordinário de até 350 milhões, e sujeitando a oferta à compra de 15% a 25% da Cimpor. A iniciativa surgiu depois da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ter lançado, a 18 de Dezembro de 2009, uma OPA sobre 100% do capital da Cimpor. A Camargo Corrêa Portugal propunha-se integrar a Camargo Corrêa Cimentos na Cimpor, empresa também disputada pela Votorantim. No final os dois grupos brasileiros ficaram com uma posição na Cimpor e assento na gestão.

Postado em:
14 maio 2012 às 17:01hs
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