O boletim do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) revela que as vendas da indústria do cimento, no mês de abril deste ano, apresentaram uma queda de 11,6% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foram comercializadas 4,6 milhões de toneladas de cimento em termos nominais, neste ano, contra 5,2 milhões de toneladas em abril de 2022.
No entanto, em relação ao mês de março, houve um crescimento de 3,4% no volume de vendas de cimento por dia útil no mês de abril. Esse crescimento foi influenciado pelos feriados ocorridos durante o mês. No acumulado do ano (janeiro a abril), os números absolutos mostram uma queda de 3,1% nas vendas de cimento.
O setor cimenteiro está enfrentando dificuldades devido ao ambiente de instabilidade na economia, marcado pelo aumento do desemprego, lenta recuperação dos salários e das altíssimas taxas de juros. Esses fatores têm impactado não apenas a indústria do cimento, mas também todo o setor de materiais de construção, assim como os lançamentos e financiamentos imobiliários. A taxa de juros de 13,75% e o baixo poder de compra da população são considerados reflexos dessa situação pouco favorável.
Apesar do cenário econômico desafiador, os índices de confiança têm apresentado tendências opostas. O índice de confiança da construção atingiu o maior nível desde novembro de 2022, impulsionado pelas expectativas positivas dos empresários dos segmentos de edificações residenciais e obras viárias. No entanto, o índice de confiança do consumidor em abril foi historicamente baixo, devido ao alto endividamento das famílias de baixa renda, aumento da perspectiva de inflação e dificuldades de acesso ao crédito.
A indústria do cimento continua acompanhando de perto as discussões sobre o novo arcabouço fiscal, os decretos de regulamentação da Lei Básica de Saneamento e a implementação do programa Minha Casa Minha Vida. Há expectativas de que o programa Minha Casa Minha Vida ganhe um bom e consistente impulso a partir do segundo semestre deste ano. As discussões sobre a Reforma Tributária, por sua vez, estão em um estágio de tramitação ainda lento no Congresso Nacional.
Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC, destaca a preocupação com o desempenho da indústria do cimento diante das discussões sobre a Lei Básica do Saneamento, o arcabouço fiscal, a incerteza em relação à evolução da Reforma Tributária e a falta de perspectiva de redução da taxa básica de juros.
