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Pandemia: Prejuízos ao setor cimenteiro

Pandemia: Prejuízos ao setor cimenteiro

As chuvas volumosas que assolaram o sudeste do país, nos dois primeiros meses do ano e que, de certa forma, represaram as vendas na maior região de consumo de cimento do Brasil e, como o sudeste responde, em média, por 48% do total de cimento consumido no país, a melhora nas vendas por lá, ajudaram sobremaneira os resultados de março do país, contribuindo positivamente para um número global absoluto menos catastrófico para todo o mercado nacional, veja tabela.

venda cimento em março 2020

Regõesmar/19mar/20Dif %1º tri 191º tri 20Dif %
Norte173157-9,2%554522-5,8%
Nordeste806785-2,6%2.6622.7051,6%
Centro-Oeste437416-4,8%1.3281.325-0,2%
Sudeste1.9252.0144,6%5.9795.917-1,0%
Sul713682-4,3%2.1532.1660,6%
Venda Brasil4.0544.0540,0%12.67612.635-0,3%

A região sudeste apresentou resultados destoantes das demais regiões em março. Todas as demais regiões, juntas, caíram em média 4,18%, quando o sudeste, sozinho, cresceu 4,6%.

Como sempre propomos um comparativo das vendas por dia útil, já que esse resultado reflete, com mais acurácia, os resultados e performance do mercado. As vendas diárias de cimento em março, em todo o país, sofreram uma queda real de 10,4%, em relação ao mesmo mês do ano anterior e, o pior, uma queda de 15% em relação ao já cambaleante mês de fevereiro deste ano. Como pode ser observado na tabela.

venda por dia útil março e 1º tri 2020

Analise por dias úteis mar/20mar/19fev/20mar/20Dif mar/fev 2020Dif mar20/mar19Dif. 1° trim 20/19
Venda Mercado por dia útil188,5198,7168,9-15%-10,4%-1,80%
Nº de dia úteis21,520,524,017%11,6%1,50%

Essa queda sim, por dia útil, reflete melhor o que, de fato, aconteceu à partir do dia 15 de março, quando a grande maioria dos estados decretou o isolamento social, que parou o país, travou a construção civil e a venda de cimento. A partir de então, se verificou uma forte retração no consumo, causada pelas restrições de circulação, proibição de abertura de lojas de materiais de construção e pela redução natural no ritmo das obras, por conta das limitações impostas nas diversas regiões.

PERSPECTIVAS PARA 2020

O mercado nacional cresceu 3,5% em 2019, depois de quatro anos consecutivos de retração. Porém o crescimento se deu em comparação ao fraquíssimo ano de 2018, o pior resultado da série histórica dos quatro anos de quedas consecutivas.

As expectativas para 2020 eram otimistas, projetava-se crescimento acima de 3% em relação ao ano de 2019. Vários aspectos econômicos motivavam o otimismo do setor. Indicadores macroeconômicos, o movimento do setor imobiliário, com expansão em algumas regiões do país, e o aumento da massa salarial desenhavam um cenário bem mais otimista para o ano.

A pandemia e a crise

O isolamento social, advindo da pandemia, que careciam de medidas urgentes do ministério da saúde, exigem também medidas urgentes do Governo e do Ministério da Economia, fazendo com que os recursos cheguem, rapidamente, àqueles cuja demanda é emergencial. É urgente que uma política estruturada, com a finalidade de levar liquidez à economia, seja rapidamente consumada, sob pena de causar danos irremediáveis ao país e, principalmente, ao setor cimenteiro que sofre fortemente desde 2014.

O segmento vem amargando quedas consecutivas, em vendas, aumentos de custos e queda nos preços. A imagem abaixo mostra as vendas ano-a-ano em milhões de toneladas e os preços médios do cimento, em dólares americanos, posto nas obras, de acordo com informações dos SINDUSCON’s de cada UF, tabulados pelo CBIC, onde de 2011 para 2019 os preços médios de venda do produto, posto nas obras, em dólares, sofreu queda de 51%. E mesmo depois de 2014 (ano do recorde de venda e consumo de cimento), as vendas caíram 24% e os preços, no mesmo período, despencaram 39,5% em dólar.

Vendas de cimento e preços por tonelada posto as obras


No ano de 2016, publicamos aqui no portal uma matéria mostrando a realidade dos preços de cimento no nordeste brasileiro e, na época, os preços praticados para o mesmo seguimento analisado, eram inferiores àqueles praticados em 1994, no nascimento do plano real. Vale a pena uma olhada na matéria.

Essa cenário tem forçado a paralisação de diversas plantas de “grandes” players no país, hoje já são 22 fábricas fechadas nos últimos quatro anos e, também, alguns grupos, antes genuinamente nacionais foram vendidos e/ou fundiram suas operações com multinacionais globais, reduzindo a participação verde e amarelo do segmento.

O setor que já convive com uma capacidade ociosa próxima aos 60%, prevendo uma queda ainda mais acentuada para os próximos meses, estuda ações e desenvolve planos de contingência para a minimização dos impactos em sua cadeia produtiva, mas fica a certeza que sem o apoio dos governos, em todas as esferas, o segmento perderá forças e as condições para contribuir com o futuro desenvolvimento da infraestrutura do país e de seu crescimento.

Milton Cintra

CEO – Cimento.Org

O Mundo do Cimento

Postado em:
9 abr 2020 às 18:15hs
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