Venda de cimento: Nova queda em abril.

A venda de cimento no Brasil no mês passado caiu 6,9% sobre o mesmo período de 2019, para 4,08 milhões de toneladas, mas avançou na comparação com março quando medida por dia útil. As vendas por dia útil de cimento em abril, no país registraram um crescimento de 9,8% sobre março e uma queda de 2,5% na comparação com abril de 2019.

Venda Acumulada no quadrimestre

No acumulado do ano até abril, as vendas de cimento no país registram uma queda significativa e que, certamente, acentuar-se-á em maio e junho, sob o risco de prejudicar todo desempenho do ano. A queda mais longa, prejudicando todo o ano, seria uma interrupção da retomada do crescimento, verificado em 2019, o primeiro positivo depois quatro sucessivos anos de queda desde 2015 (pós-copa).

O setor tinha esperava crescer mais de 3% em 2020, sobre 2019. Apesar de abril apresentar um pequeno crescimento, em comparação a março, o volume acumulado já aponta para baixo e pode ser difícil de ser revertido no restante do ano, a exemplo do impacto da greve dos caminhoneiros em 2018, que tirou 900 mil toneladas de circulação em apenas 10 dias de paralisação.

Governo Federal pressiona para flexibilização

Os números foram divulgados no mesmo dia em que uma comitiva de representantes de vários setores industriais do país, incluindo de construção, acompanhou o presidente Jair Bolsonaro em uma audiência intempestiva com o presidente do STF, Dias Toffoli, para reclamar das restrições impostas por Estados e municípios à indústria e ao comércio durante a epidemia de coronavírus.

Durante a audiência, Bolsonaro afirmou ainda que assinou mais uma ampliação do decreto de serviços essenciais para incluir nessa lista a construção civil, e informou que nas próximas horas fará novas inclusões, em uma forma de driblar as determinações de isolamento social dos governadores. Mas como o próprio STF já decidiu que as decisões sobre o isolamento são de responsabilidade dos governos estaduais e municipais, as decisões do Presidente soam como pressões inócuas e políticas.

Crise no Setor desde 2015

A situação do setor cimenteiro é preocupante, o país conta hoje com 24 grupos cimenteiros nacionais e estrangeiros, com 100 plantas que produzem ou estão aptas a produzir clinquer e/ou cimento. Mas já em 2015 começou a grande crise do setor e muitas fábricas começaram a fechar. Até o final de 2018 foram fechadas 20 fábricas de cimento, sendo 12 integradas e oito moagens. Só no estado de São Paulo, das 13 plantas que rodavam e produziam cimento, seis tiveram as atividades interrompidas. A capacidade instalada calculada do país já ultrapassa os 102 milhões de toneladas por ano, quando em 2019 as vendas alcançaram pífios 54,3 milhões de toneladas, ou seja, no ano passado a ociosidade bateu os 47,2%.

Agora, se nada de novo acontecer, se a pandemia não arrefecer, o ano de 2020 terá ociosidade igual ou superior aos 50%. Para complicar, além da demanda baixa, os preços estão em queda livre e, sem uma injeção de ânimo, os sinais de dificuldades do setor cimenteiro e da construção civil serão cada vez mais intensos.  

Milton Cintra
CEO
CIMENTO.ORG

Postado em:
8 maio 2020 às 12:23hs
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