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action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home1/gerinu07/www.cimento.org/wp-includes/functions.php on line 6114A indústria cimenteira vive dias de bonança no Brasil, com taxas de consumo que crescem 15% anualmente e que tiram da lembrança os anos de vacas magras do começo desta década. Quem não correu para investir nos últimos dois anos corre o risco de perder uma boa parte da demanda aquecida prevista até 2016 no mercado brasileiro. Sem fazer alarde – e numa única tacada -, o grupo francês Lafarge reposicionou sua presença no país em fevereiro para tirar proveito da onda positiva vivida pelo setor. E fez isso sem desembolso extra do caixa. Apenas utilizou um único ativo: sua participação de 17,2% no capital da Cimpor, maior cimenteira portuguesa, a qual foi vendida ao grupo Votorantim.
Enquanto três grupos brasileiros – Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), Camargo Corrêa e Votorantim – se digladiavam para assumir o controle da companhia portuguesa, a Lafarge, uma acionista sem mais ambições por lá, decidiu sair da empresa sem nenhum pudor. “Nossa participação deixou de ser estratégica depois que adquirimos a Orascom, do Egito, quase três anos atrás”, disse ao Valor o presidente da Lafarge no Brasil, Thierry Métro.
A líder mundial mundial em materiais de construção – cimento, concreto e gesso – ofereceu US$ 12,1 bilhões pela Orascom Cement no fim de 2007, dentro de sua estratégia de ampliar a presença nos mercados emergentes. Com fábricas em países do Norte da África e no Oriente Médio, a companhia egípcia atua nas mesmas regiões da Cimpor.
“O grupo enxergou uma grande oportunidade de crescer no Brasil, que se tornou o nosso foco na América Latina, e ampliar suas operações para outras regiões do país. A empresa estava toda concentrada na região Sudeste”, explicou. No negócio com a Votorantim, a Lafarge herdou duas fábricas prontas, e já em operação, no Nordeste (na Paraíba e Bahia), e outra, modernizada, no Centro-Oeste (Cocalzinho, em Goiás). E ainda garantiu matéria-prima (escória, oriunda da produção de aço da CSA ThyssenKrupp, no Rio) para ampliar em 40% a tradicional fábrica de Cantagalo (RJ).
Métro justifica, satisfeito, o investimento realizado no Brasil. “Neste ano, o mercado de cimento do Nordeste deve crescer 20%”. O consumo na região é o que mais sobe. No ano passado, durante a crise, teve aumento de 7%, puxado pelo boom imobiliário e por obras de infraestrutura, industriais e comerciais. Ele vê boas perspectivas de sustentação da demanda aquecida, com PIB do país se mantendo na faixa de 5% ao ano. “Enxergamos um horizonte promissor para nossa indústria até 2016 ou 2017”, disse.
O executivo aponta necessidades de investimentos em infraestrutura e moradias, principalmente, e menciona eventos como o da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, além de grandes obras industriais, caso da refinaria de petróleo e polo petroquímico do Comperj, no Rio, dentre outros investimentos.
Os planos da companhia – no Brasil desde 1959 – são ambiciosos. “Nosso objetivo é ser a número 2 do setor no país antes de 2015”, afirmou Métro. Isso significa roubar a posição do grupo pernambucano João Santos, atualmente dono de pouco mais de 11% das vendas no mercado doméstico. “Com os ativos que compramos, e assumimos só em julho, já estaríamos na segunda posição”, assegura ele. Mas a disputa não para por aí. A Camargo Corrêa Cimentos também almeja essa posição, com investimentos de R$ 3,6 bilhões previstos no período. Na liderança segue tranquila a Votorantim Cimentos, com mais de 40%. E desde 2007, já anunciou planos de expansão de mais de R$ 5 bilhões.
Segundo o executivo francês, que teve boa parte de sua carreira construída no centro tecnológico da Lafarge em Lion, o grupo já estuda uma nova onda de investimentos depois de 2012 (médio prazo). Essa estratégia envolve várias alternativas – expansões dos ativos existentes hoje e dos que acabou de adquirir da Votorantim, novas fábricas, parcerias com outros investidores e até aquisições. Nos próximos dois anos, o objetivo é ampliar as operações existentes nos Estados do Rio e Minas Gerais, chegando a uma capacidade de 8 milhões de toneladas ao ano.
Neste ano, a empresa prevê produzir e vender 4 milhões de toneladas nos ativos que tinha antes da aquisição – os novos foram recebidos em julho, juntamente com 440 empregados. Para 2011, a estimativa é fazer 7 milhões de toneladas. A companhia atua com três marcas: Campeão, que foi adotada nas novas unidades, Montes Claros e Mauá. Atualmente, 7% das suas vendas no mercado brasileiro são para a divisão de concreto do grupo no país.
Criada em 1833 pela família Lafarge, a companhia está presente em quase 80 países e foi a primeira do setor a chegar à China. No país, maior produtor e consumidor mundial de cimento (1,5 bilhão de toneladas), já opera 19 fábricas. No ano passado, a companhia obteve receita total de € 15,9 bilhões. A produção de cimento foi de 160 milhões de toneladas. “Mais de 50% das vendas do grupo já ocorrem nos países emergentes”, informou Métro.